Hospital e Maternidade Femina debate conscientização e acolhimento de pacientes autistas
22 de Jun de 2023
O mês de junho é marcado pela celebração do Dia Mundial do Orgulho Autista, lembrado no dia 18. A data serve para ajudar a esclarecer a sociedade sobre as características únicas das pessoas diagnosticadas com algum grau do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Além disso, a data busca promover a aceitação e a valorização da neurodiversidade, reconhecendo que o funcionamento cerebral de algumas pessoas difere do padrão considerado típico.
Com o intuito de ajudar os colaboradores a compreender e melhorar o atendimento às famílias e pessoas autistas, o Hospital e Maternidade Femina, em Cuiabá, realizou nesta quarta-feira (21.06), a palestra "Desvendando o Transtorno do Espectro Autista (TEA): Em busca de uma sociedade inclusiva", seguida de um debate sobre o assunto.
O evento contou com a participação da vereadora e ativista pelos direitos das crianças autistas e neurodiversas, Maysa Leão, da advogada especializada em direito médico Mayara Rosa Franco, e da psicóloga Beatriz Moreira Silva. A diretora-clínica da Femina, Fernannda Pigatto Vilela, representou a diretoria do hospital no debate.
Durante a palestra, a vereadora Maysa Leão, mãe de João Lucas, um adolescente autista diagnosticado aos 10 anos, ressaltou a importância da conscientização por parte das empresas, especialmente em uma instituição de saúde como o Hospital e Maternidade Femina, referência em saúde em Mato Grosso.
Ela destacou a necessidade de acolher as pessoas autistas e suas famílias com amor e compreensão, afirmando que o hospital está na vanguarda nessa questão e esperando que outras instituições em Cuiabá sigam o exemplo.
“Hoje nós vimos aqui um debate franco e aberto sobre o autismo com as mães, para que a equipe do hospital possa acolher a pessoa autista e a família com amor e tudo o que ela precisa. Então, eu vejo o Hospital Femina se lançando à frente, e tomara que os outros hospitais e empresas de Cuiabá tenham o mesmo interesse pelo tema”, afirmou à vereadora.
“A inclusão é uma decisão, ela não é intuitiva, a gente não acorda inclusivo, porque se não temos dentro de casa o exemplo, se nunca sentimos a dor, a gente não sabe como é e precisamos começar por esse princípio, eu não sei como é, eu não sei como se sentem as pessoas autistas e aí despertamos esse interesse de compreendê-las, de compreender suas famílias e aquilo que a gente pode fazer para tornar o mundo deles um mundo melhor”, acrescentou Maysa.
A advogada Mayara Rosa Franco, mãe de uma criança autista de 6 anos, compartilhou sua experiência e ressaltou que o autismo não está ligado a uma classe social específica. Ela enfatizou a importância de olhar não apenas para a criança, mas também para os familiares, pois é difícil lidar com os olhares da sociedade.
“Nossa sociedade, infelizmente, ainda é muito arcaica e é difícil trazer essas crianças para junto dela. Também não queremos ser chamadas de guerreiras, porque somos apenas mães buscando o melhor para seus filhos”, completou.
Diagnóstico Precoce
De acordo com a psicóloga Beatriz Moreira Silva, quanto mais cedo as intervenções forem realizadas, melhores serão os prognósticos para as crianças autistas. Ela salientou sobre a importância da análise do comportamento e da identificação dos níveis de suporte necessários para cada criança, visando promover a autonomia.
“Quanto mais precoce começamos as intervenções, melhor. Hoje fico muito feliz em ver que as pessoas estão dispostas a ouvir sobre a análise do comportamento, porque ela facilita o processo de intervenção e interação com uma criança com autismo”, explicou a especialista.
Para a diretora-clínica da Femina, Fernannda Pigatto Vilela, é muito importante ouvir relatos de experiências e abordar o assunto do autismo nas instituições de saúde. Ela ressaltou o propósito da Femina em tratar todas as relações com carinho e acolhimento, lembrando a origem da instituição em acolher as famílias que não tinham suporte anteriormente.
"Uma das coisas das quais me orgulho muito nesta instituição é o fato de entendermos, ao longo desses mais de 40 anos de atividade, que um dos princípios fundamentais do nosso propósito é tratar todas as relações com carinho, algo que buscamos de forma contínua”, declarou a diretora-clínica.
Fernannda frisou ainda que se a entidade conseguir tocar emocionalmente cada pessoa presente na palestra será difícil para esse colaborador não olhar de uma maneira diferente para a situação.
“Quando esse colaborador se deparar com uma família que possui essa particularidade, com certeza ele se perguntará como ser útil e fazer a diferença na vida dessa família. É isso que faz tudo valer a pena”, concluiu a diretora.
O debate foi intermediado pela jornalista e assessora de imprensa do Hospital e Maternidade Femina, Luciane Mildenberger.
Depoimentos
George Maciel de Souza, membro da equipe de atendimento do hospital, enfatizou a relevância da palestra e a importância de abordar o tema do autismo.
“Esse assunto não deve ser oculto, deve ser trazido para a sociedade para que todos possam entender melhor, saber lidar e incluir. Somos todos seres humanos e devemos estar inclusos na sociedade. Estamos aqui para aprender e hoje foi um dia de grande aprendizado”, mencionou.
Para Nadyne Acosta Lima, que atua na recepção do Pronto Atendimento (PA) do hospital, a orientação vinda das mães desses pacientes é imprescindível para melhorar o atendimento.
“A demanda é alta de pacientes com essa condição e nós temos que estar preparados para melhor recepcionar e saber das mães qual a melhor maneira de recepcioná-las, recepcionar o paciente para que o atendimento seja qualificado e para que a gente consiga suprimir toda a necessidade no momento”, concluiu.
O que é TEA?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que se manifesta precocemente, durante o desenvolvimento infantil. É caracterizado por dificuldades nas habilidades sociais, comunicação e comportamentos repetitivos. As pessoas com TEA podem apresentar uma ampla gama de sintomas e níveis de gravidade, variando desde dificuldades sutis até desafios mais significativos no funcionamento diário. Cada indivíduo com TEA é único, possuindo suas próprias características e necessidades específicas.
O fator genético desempenha um papel importante no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos têm demonstrado que existem influências genéticas significativas na predisposição para o autismo.
Conforme pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, sediada na Geórgia, foi constatado que, em 2020, uma em cada 36 crianças de 8 anos foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), nos EUA.
Atualmente, com base em dados divulgados em 2023 pela entidade, ocorreu um marco significativo: pela primeira vez, a proporção de meninas de 8 anos identificadas com TEA ultrapassou 1%. No entanto, uma realidade persiste: os meninos ainda apresentam quase quatro vezes mais chances de serem diagnosticados com TEA em comparação às meninas.
Fonte:Assessoria de Imprensa - Hospital Femina