Agosto Dourado: especialistas e mães debatem sobre os desafios da amamentação
18 de Aug de 2023
Os desafios enfrentados pelas mães que estão na fase da amamentação foram abordados por profissionais da área da saúde durante a celebração da campanha ‘Agosto Dourado’, realizada no Hospital e Maternidade Femina, em Cuiabá, no dia 17 de agosto.
O mês do Aleitamento Materno no Brasil foi oficializado pela Lei nº 13.435/2017, que determina a intensificação das ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno ao longo de agosto. A campanha simboliza a luta pelo incentivo à amamentação, sendo a cor dourada associada ao padrão ouro de qualidade do leite materno.
Enfermeira e consultora em amamentação, Isadora Ribeiro destacou que o leite materno é o alimento crucial para o bebê desde o nascimento até os seis meses de vida, sendo, inclusive, uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Além de suprir todas as necessidades nutricionais do bebê, o leite materno tem benefícios adicionais, pois ajuda a mãe na perda de peso, oferece proteção contra o câncer de mama e outras doenças raras, ou seja, o leite materno é notável”, relatou a enfermeira durante a palestra, citando também que as crianças que são amamentadas têm uma probabilidade significativa menor de sofrer com diversas enfermidades.
Atuante na rede pública de saúde há vários anos, a enfermeira também ressaltou que o grande êxito da amamentação começa antes do período pré-natal, nas consultas e no pós-parto.
“A mãe precisa saber que se o bebê pegar o seio de forma inadequada pode causar machucados, fissuras e dores, até mesmo sangramento. O sono da mãe também será interrompido, já que o bebê acorda durante a noite. O recém-nascido ainda está se adaptando ao mundo”, refletiu a enfermeira.
Outro fator importante da amamentação é o vínculo criado entre a mãe e o bebê nesse período da vida. A especialista em psicologia perinatal e obstétrica, Fabiane Espíndola de Assis, esclareceu que a saúde mental da mulher desempenha um papel fundamental ao enfrentar esse processo, e nesse sentido, é essencial contar com o apoio do companheiro e da família.
“Um ponto inicial de relevância é o período pós-parto, o puerpério. A primeira mudança ocorre na identidade da mulher. Assim que ela recebe o teste positivo de gravidez, sente que tudo mudou. Por vezes, o parceiro pode parecer distante, como se sua vida continuasse normalmente, enquanto a mulher embarca em um processo intenso. Isso já aponta para o impacto emocional que se estende até o processo de amamentação”, conta a psicóloga.
Ela aponta ainda que nesse turbilhão de emoções, a mulher passa por vários questionamentos, passando de filha, para mãe, assumindo um novo papel. “É vital valorizar esse período com afeto e respeito, pois ele contribuirá para a reconstrução de todos esses papéis. É uma jornada importante e transformadora para a mulher”, pontuou Fabiane.
Segundo a doula Keline Paula, é fundamental que a mulher compreenda as várias etapas do processo que irá vivenciar, a fim de ter um parto tranquilo e, consequentemente, estabelecer um processo de amamentação saudável. “Quando a mãe está em um estado de tranquilidade, seus hormônios, como a ocitocina, que influencia nas contrações e a liberação do leite, podem fluir com mais eficiência”, discorreu.
Tema importante
A pediatra e neonatologista Fernannda Pigatto Vilela, que também é a diretora clínica do Hospital e Maternidade Femina e mãe de filhos gêmeos, considera o tema de suma importância. É por essa razão que o evento foi organizado, visando reunir as profissionais com o objetivo de desmistificar questões e esclarecer dúvidas.
“Um dos nossos maiores desafios, especialmente para mim, como médica intensivista, é garantir que bebês que nasceram antes do tempo esperado possam receber o leite materno antes de deixar a unidade. Saber que algumas mães, em situações diversas, buscam nosso apoio, demonstram confiança e entregam seu bem mais precioso, seus filhos, aos nossos cuidados, é algo muito significativo”, salientou a médica.
A unidade de saúde também funciona como banco de leite materno em parceria com o Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), possuindo uma equipe multidisciplinar especializada que oferece acompanhamento integral às mães em todas as suas necessidades.
Segundo ela, a Femina tem uma sala de coleta de leite materno e o leite captado na unidade é pasteurizado pelo Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM). "O Júlio Müller possui um banco de leite e tem parceria conosco. Contamos com a colaboração das mães, pois sem doadoras, nada disso seria possível”, concluiu Fernannda.
Mães
Participaram do evento elucidativo, várias mães de bebês recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Femina, colaboradoras e visitantes interessadas no tema.
Eliane Almeida Mendes, que está aguardando a chegada do seu segundo filho, buscava informações mais abrangentes, especialmente de profissionais da área.
“A palestra trouxe muita clareza para mim, foi realmente esclarecedora, e eu me senti acolhida, especialmente em relação à questão da amamentação. É um desafio que muitas vezes as pessoas que não são mães não entendem”, contou.
Para Adriana Galdiano, que está com a filha recém-nascida internada na UTI Neonatal do hospital, compartilhar vivências e receber informações ajudam no processo de amamentação.
“Acredito que através desses eventos, outras mães podem compartilhar suas próprias vivências e histórias, promovendo um debate construtivo sobre o assunto. Isso também prepara as mães para o caso de passarem por situações semelhantes, fornecendo um direcionamento claro para a trajetória que devem seguir”, concluiu.
Sobre a Femina
Fonte:Assessoria de Imprensa - Hospital Femina