Microcefalia associada ao vírus Zika desperta atenção redobrada para gestantes em MT
02 de Dec de 2015
A relação dos casos de microcefalia, uma má-formação congênita cerebral, com o vírus Zika deixou gestantes e mulheres que querem engravidar apreensivas em todo o Brasil. Não é para menos: o Ministério da Saúde confirmou nesta segunda-feira, (30.11), que o número de diagnósticos de microcefalia associados ao vírus Zika aumentou para 1.248 no país e já atinge 13 estados – entre eles, Mato Grosso.
O vírus Zika é transmitido pelo mosquito da dengue (Aedes Aegypti) e também tem sintomas parecidos com os da doença endêmica, embora mais suaves. Há casos em que a febre zika, como ficou conhecida, nem apresente sintomas. “Cerca de 80% dos casos aparecem com poucos sintomas como dores nas juntas, conjuntivite e pigmentação vermelha na pele (palma das mãos e no pé)”, pontua a doutora Kadja Samara Sousa, do Hospital Infantil e Maternidade Femina.
A situação é considerada inédita para a pesquisa mundial. Países como a Polinésia Francesa e várias ilhas da África já apresentaram surtos do vírus Zika, porém em nenhum desses locais foram detectados casos de microcefalia. “Nós estamos começando a cogitar a possibilidade dessa situação estar relacionada com o vírus da dengue – que gera uma imunidade que não é efetiva. O organismo entende que é o mesmo sorotipo, mas não é. Por exemplo, quando você tem uma infecção pelo sorotipo 1 e, em seguida, pelo sorotipo 2, o seu organismo entende que é o mesmo e gera uma resposta imune que não é eficaz – causando casos graves como febre hemorrágica”, explica a doutora Kadja Samara Sousa.
Para a médica, o importante neste momento para quem quiser ter um filho é ter cautela e redobrar os cuidados com algumas precauções básicas como utilizar repelentes apropriados para gestantes, telas protetoras nas janelas e mobilizar os vizinhos para acabar com possíveis criadouros. “Hoje, a nossa maior missão é combater radicalmente o mosquito Aedes Aegypti. A única forma de evitar a infecção pelo vírus Zika é não permitir que o vetor se desenvolva no estado”, enfatiza a doutora Kadja Samara Sousa.
MICROCEFALIA – A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio de tamanho menor do que o normal. Para crianças que nasceram aos nove meses de gravidez, a doença se apresenta quando o perímetro da cabeça é menor do que 33 cm – o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm. Essa avaliação pode ser feita intrauterina, pelo ultrassom, durante a gestação.
A maior parte dos casos é causada por infecções adquiridas pela mãe, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus são algumas doenças que causam a microcefalia. Outros possíveis causadores são abuso de álcool e drogas ilícitas na gestação e síndromes genéticas como o Down.
Em 90% dos casos a microcefalia vem associada a um atraso no desenvolvimento neurológico, psíquico e/ou motor. O tipo e o nível de gravidade da sequela variam caso a caso – e em algumas situações a inteligência da criança não é afetada. Déficit cognitivo, visual ou auditivo e epilepsia são alguns problemas que podem aparecer nas crianças com microcefalia.
Não há como reverter a microcefalia com medicamentos ou outros tratamentos específicos. Mas é possível melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança com o acompanhamento por profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. “A gente vai ter que saber no futuro o que vai acontecer de fato. Ter esse acompanhamento inicial é muito importante. Vamos ter que reescrever a história da Zika”, pontua a doutora Kadja Samara Sousa.
Assessoria de Imprensa Femina - ZF Press
Fonte:Assessoria